Aquecimento Oscar 2017: Animais Noturnos
- Thalita Amaral
- 21 de jan. de 2017
- 3 min de leitura

Estava eu olhando minha lista de filmes pré-Oscar, em plena terça-feira à noite, quando vejo o nome de Amy Adams, ao lado do filme Animais Noturnos, cruzar minha telinha. Nem cheguei a assistir o trailer. Fui na confiança total. Afinal de contas, estar presente nas premiações, não por um, mas por dois filmes (lembram de A chegada?), não é para qualquer um.
Animais noturnos (Nocturnal Animals) é um drama dirigido por Tom Ford (Direito de amar, 2009), e conta a história de Susan (Amy Adams), uma mulher que trabalha com arte e está passando por problemas conjugais, quando recebe o manuscrito de um livro escrito pelo seu ex-marido, Edward, interpretado por ninguém menos que Jake Gyllenhaal. Acompanharam até aí? Por que pensa num filme que põe os neurônios para funcionar…
A partir daí, duas histórias são contadas simultaneamente. Enquanto Susan lê o manuscrito intitulado Animais Noturnos, vemos e acompanhamos a trama do livro, juntamente à protagonista. E não pensem que será algo de menor importância. Será algo impactante, chocante e fundamental para a compreensão da mensagem do filme. O livro conta a história de uma família viajando, quando no meio da noite e em um lugar isolado, alguns homens em um carro, a colocam para fora da estrada. Os três homens causam à família momentos de terror, que rendem a nós telespectadores algumas unhas ruídas e embrulho no estômago. De início, logo tentei associar cada personagem do livro com alguém da vida de Susan. Imaginei inclusive que fosse um relato biográfico, já que mostrava um pai, uma mãe e uma filha. Mas esse pensamento não durou muito, e constatei que o filme seria muito mais intelectualmente desafiador.
No decorrer do longa, começamos a enxergar os protagonistas entrelaçados aos personagens daquele livro, no entanto não de uma maneira direta, mas sim do ponto de vista de suas atitudes, caráter e decisões. Edward fora durante sua relação com Susan, um homem romântico, mas que se mostrava frágil e excessivamente sonhador, tal como Tom, o pai de família do livro, também interpretado pelo próprio Jake Gyllenhaal, que não consegue intervir contra os delinquentes que põem em risco sua família. Seria ali uma confissão de sua fragilidade à Susan?
Vemos Tom crescer e se fortalecer no livro e, por conseguinte, Susan fica mexida durante a leitura e começa a se questionar sobre a escolha que havia feito de abandonar Edward, seu primeiro marido. A vida de Susan é mesclada às tonalidades escuras e pouca luminosidade das cenas. Ela não consegue dormir, seu casamento atual não vai bem, suas escolhas do passado começam a vir à tona. Ela começa a se parecer com sua mãe, algo que sempre temeu, ao escolher estabilidade em lugar do amor.
Jake Gyllenhaal está cada vez mais maduro como ator. Em geral, quando ele escolhe bons trabalhos tende a ir bem. Sua carreira é muito flutuante devido às más escolhas de personagens. Enfim, sua atuação me agradou bastante. Amy Adams está acima da média novamente. Consegue alternar bem o lado obscuro de sua personagem mais madura, com a fase jovem e mais radiante de Susan nos flashbacks recorrentes no longa. A atriz vem concorrendo como melhor atriz coadjuvante pelo filme na temporada de premiações, merecidamente.
Em suma, o filme é uma coisa louca! Bem diferente do que estamos acostumados. Gostei mesmo assim. O mais interessante é que não é um mistério a ser revelado. Cada expectador pode compreender à sua maneira, ter sua própria interpretação. Pra mim foi uma história para mostrar que algumas escolhas do passado podem trazer consequências que refletirão para o resto de nossas vidas. Isso vai gerar amargura, tristeza. É uma aula sobre como a vingança é nociva e como certas ações geram reações.
Minha nota é 8,5.
Thalita Amaral
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