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Dica de série: Gypsy.



Não é a primeira vez que digo isso aqui, mas sinto a necessidade de reforçar. O mercado mundial de séries está a todo vapor. Esse segmento tem atraído cada vez mais público ao redor do planeta e gerado bilhões em orçamento. Essa “galinha dos ovos de ouro” que antes tinha predominantemente em seu formato artistas desconhecidos, agora passa por uma safra distinta. Artistas renomados estão protagonizando um número cada vez maior desses produtos. E eu, claro, adoro isso! Agora sim, chego ao tema dessa matéria: Gypsy.


A presença da renomada atriz Naomi Watts foi o que me motivou a assistir Gypsy, a nova produção da Netflix, mesmo indo de encontro com uma promessa mental que fiz há alguns meses, de não assistir séries que não tinham segunda temporada confirmada. No entanto, a presença dessa atriz de que tanto gosto, conhecida por filmes como O Impossível (2012), pelo qual foi indicada ao Oscar em 2013, O Chamado (2002) e King Kong (2005), fez eu simplesmente ignorar isso e me aventurar na trama. E ainda bem que fiz isso.


Gypsy conta a história de Jean Halloway (Naomi Watts), uma terapeuta, casada com Michael (Billy Crudup), mãe de uma linda menina, que realiza seu trabalho de uma forma muito peculiar. Para compreender melhor seus pacientes, ela passa a se relacionar com pessoas ligadas a eles, e para isso cria uma segunda identidade, Diane Hart. Além de fugir completamente dos aspectos éticos previstos em sua profissão, o envolvimento de Jean/Diane na vida dessas pessoas começa a revirar sua própria vida, estremecer seu casamento e colocar a prova seus sentimentos, em especial ao se envolver com Sidney (Sophie Cookson), ex-namorada de um de seus pacientes, que passa a ser uma das tramas paralelas mais instigantes e de maior importância da série.


Gypsy é um thriller psicológico diferente de tudo que já tinha visto. Sua história não é repetitiva e não é nada óbvia, motivo pelo qual me identifiquei. Outra qualidade está no elenco, que trava diálogos realistas e tem uma química impressionante. As consultas de Jean e a forma como ela aborda os problemas de seus pacientes, são interessantes de presenciar. A história central se entrelaça na vida dos pacientes, que possuem problemas distintos, desde uma mãe que é ignorada pela filha, uma dependente química encurralada pelo vício e circunstâncias, e um rapaz tentando superar um término de relacionamento. Isso gera inúmeras possibilidades que são bem aproveitadas ao longo da trama.


Jean é uma protagonista totalmente disfuncional em sua personalidade, pela qual você torce mesmo sabendo que ela está fazendo inúmeras besteiras. Michael, esposo, é aquele cara com o qual você se identifica e quer que dê certo com Jean, mas, ao mesmo tempo, você também quer ver o circo pegar fogo no relacionamento dos dois. Um tema de suma importância que é tratado nesse núcleo familiar tem relação com a filha do casal e envolve o transtorno de identidade de gênero. Dolly (Maren Heary) é uma menina que quer se vestir como menino, quer ter cabelo curto e que não tem interesse em princesas e sim super-heróis. Ela quer ser o Peter Pan, ou um Jedi, não uma Elsa. E é muito legal o trabalho que a série faz em mostrar como o casal trata esse assunto, com momentos de altos e baixos, em um amadurecimento diário, sempre em busca de aceitar a filha da forma como ela é, não podando-a, independente dos julgamentos feitos pela vizinhança.


Para alguns a série pode ser monótona, pois trata de relações, dramas familiares e muitas vezes tem diálogos longos. Para mim ela é uma série ousada, fora da caixa, que vale a pena se aventurar. Naomi Watts está sensacional, assim como o trabalho de Sophie Cookson, que apesar de menos conhecida do público, tendo atuado em filmes como Kingsman (2014), dá show de interpretação e ousadia. A série possui dez episódios apenas. Vale a pena maratonar e se aventurar na psique humana. Muito bom ver como problemas que pra gente podem ser banais, podem se tornar uma bola de neve para algumas pessoas, além de afetá-las de formas inimagináveis.


Nota: 8,5.


Thalita Amaral

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