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Anavitória, Pop de qualidade!


Anavitória entrou para minha playlist no Spotify bem recentemente. Começou me surpreendendo pelo nome. Fiquei procurando o & e não achei. Procurei também a palavra dupla e não encontrei. No lugar, a denominação duo. Em meio ao boom feminino no mercado musical, chegam duas jovens que não cantam sertanejo, e sim encantam com seu Pop.


Por incrível que pareça, tomei conhecimento da existência delas por meus alunos. No final do ano passado, algumas alunas me procuraram, pois queriam que eu tocasse uma das canções desse dueto no Show de Talentos, um evento que a equipe escolar havia desenvolvido. Nunca tinha ouvido. Quando elas buscaram a música no celular para me mostrar, fiquei pasma. Primeiro, por não ser funk, um ritmo bastante difundido entre os adolescentes com quem trabalho. Segundo, as meninas cantavam extremamente bem, uma sintonia vocal que não via há tempos na música nacional. Terceiro, as letras eram lindas e rebuscadas. Elogiei minhas alunas pela escolha e tive então contato com a música Agora eu quero ir.


Final de ano, muitas festas, sertanejo por toda a parte, acabei não explorando o trabalho das duas. Com a chegada do mês de Janeiro, resolvi fuçar a internet e conhecer o primeiro álbum intitulado como Anavitória. Aproveitei também para dar uma olhada em algumas entrevistas com as meninas.


Ana Clara Caetano (20) e Vitória Falcão (19) são de Araguaína, uma cidade de Tocantins, e já ganharam o rótulo midiático de cantoras de Pop Rural. Mas já aviso que a ruralidade não é predominante, é como se fosse um componente, mas não a essência. As duas têm um astral ótimo, uma simplicidade particular e, apesar de serem jovens, me surpreenderam pela maturidade e visual natural. Usam roupas e maquiagens mais leves, bem gente como a gente, bem a cara das músicas que tocam. Tocam um estilo similar ao que Tiago Iorc vem propondo, e mais comerciável do que o trabalhado por Clarice Falcão. Comparo o estilo delas com Colbie Caillat, uma das minhas artistas internacionais favoritas.


Sobre o primeiro EP do duo, vamos à análise. Ele fala de amor de uma forma fofa, contudo, ao mesmo tempo, inteligente. Agora eu quero ir, música de trabalho que está em Malhação, é um hit superfácil de se identificar. A letra fala de uma situação clássica do mundo feminino. Literalmente, abrimos mão de “mundos e fundos” pela pessoa amada, nos transformando a ponto de esquecermos de nós mesmas. O refrão mostra a tentativa da mulher de reaprender a ser ela mesma, de encontrar sua essência. O clipe da música eu achei meio sem graça, com a proposta muito similar ao de Amei te ver de Tiago Iorc. Minha sugestão é que assistam a versão ao vivo, também disponível no YouTube, no show VEVO.


A canção Trevo (Tu) é uma das minhas indicações, com participação de Tiago Iorc. Sabe aquela música que dá vontade de cantar saltitando por aí? É essa. Tem uma pegada parecida com a da banda 14 Bis, na canção Bola de meia, Bola de gude. A letra é uma declaração linda. Compara a pessoa amada a um trevo de quatro folhas e uma série de eventos puros e simples que edificam o amor.


Outra dica é a música Singular, que possui um dos meus trechos favoritos: (…) É tão singular a habilidade que eu tenho em montar um arsenal de clichês pra te encantar, na intenção de te fazer não esquecer (…).


Não esperem um álbum para agitar. É um álbum para ouvir, refletir e cantar. Todo o álbum é muito bom. Canções muito bem escolhidas. As duas se revezam bem nas vozes. Ambas são necessárias, cada uma no seu registro vocal e personalidade próprios. Ana Clara brilha com as segundas vozes, sendo compositora de grande parte das canções, e Vitória surpreende nos contracantos e potência vocal.


Fica aí minha humilde indicação, um duo de qualidade e que sabe fazer ao vivo.

Thalita Amaral

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