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Dica de série: Sweet Vicious.


No dia da Marcha das Mulheres, estava acompanhando os tweets das artistas engajadas com a causa. Foi aí que me deparei com um tweet falando acerca de uma série produzida pela MTV, Sweet Vicious. O que ela tem a ver com essa temática? Tudo. Por isso, resolvi conferir.


Sweet Vicious aborda essencialmente a violência contra a mulher, do ponto de vista dos jovens. Mostra o dia a dia de uma universidade em que alunas são abusadas sexualmente e, muitas vezes, seus estupradores não são considerados culpados e ainda por cima são acobertados pelo próprio sistema estudantil.


A trama gira em torno de Jules Thomas (Eliza Bennett), uma estudante que após sofrer abuso resolve se tornar uma vigilante mascarada e dar uma lição nos agressores do campus da Universidade de Darlington. Em uma de suas missões, ela acaba sendo vista por Ophelia Mayer (Taylor Dearden), que com suas habilidades de hacker consegue descobrir a identidade de Jules. Dessa forma, as duas começam a trabalhar juntas rastreando os agressores e punindo-os, já que o sistema não o faz.


Muitas coisas me agradaram na série. Do ponto de vista cômico, a personagem Ophelia tem um humor inteligente e irônico, que invoca temas atuais, inclusive da cultura Geek, o que muito me agradou. O drama é bem trabalhado e realmente nos identificamos com os casos de cada uma das jovens mostradas ao longo da série. Questões como sexo não consentido caracterizando estupro, o golpe do “boa noite cinderela”, trotes violentos nas universidades e racismo são apresentados e assim agregam informações positivas para o público que assiste.


A história consegue passar, em sua essência, o quão sofrido é o fardo carregado pelas jovens que sofrem violência sexual, além de mostrar o preconceito sofrido por elas, em todas as suas escalas, e como muitas vezes o agressor faz parte do próprio núcleo de amizades das vítimas. A série ensina ainda como funciona os procedimentos de denúncia e o acesso a grupos de ajuda. Com relação a ação, Sweet Vicious é violenta. A cada episódio recebemos um alerta de censura inicial, com relação às cenas de abuso e violência, bem como faixa indicativa. O objetivo é chocar, alertar e acredito que ele foi atingido. Romance também se faz presente, nada muito impressionável, mas do jeito que o público adolescente gosta.


Para a cultura brasileira, contudo, existem alguns pontos negativos. A apologia às drogas é muito forte, em especial por fazer parte do cotidiano de uma das protagonistas. É claro que a história busca ser o mais verossímil possível, e sabemos que isso faz parte da realidade das universidades, entretanto é algo a se pensar, ao permitir que um adolescente assista. A premissa do fazer justiça com as próprias mãos, da vingança, também é algo questionável. As protagonistas espancam aqueles que fizeram algum tipo de violência. Pagar com a mesma moeda seria uma boa lição para os adolescentes, público que é especialmente atraído para a série? A resposta é não. No entanto, eu espero que tais escolhas, levem as personagens a pagarem por isso e, desse modo, passem uma mensagem, que violência indiscriminada não é a forma de se corrigir algo.


A primeira temporada de Sweet Vicious foi ao ar em novembro do ano passado, com um total de nove episódios, considerando que o nono é um episódio estendido. Não há ainda confirmações de renovação por parte da MTV, caso haja, esperamos uma segunda temporada intensa.



Thalita Amaral

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