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Novo single de Katy Perry, Chained to the Rhythm, não é mais do mesmo.

Katy Perry me surpreendeu com seu mais novo single: Chained to the Rhythm. Sempre achei Katy Perry uma artista completa. Preocupada e atenta aos detalhes, desde letra e melodia, como na apresentação da canção por meio de clipes e performances. Mas ela se superou e ousou. Num momento político delicado, ela compõe uma música que faz críticas sociais e com a qual me identifiquei completamente. E pra completar, em um mês, ela lança dois clipes para a mesma canção. Clipes que se complementam e nos levam à reflexão.


No primeiro clipe, lançado no dia 9 de fevereiro, vemos uma casa miniatura cujo habitante solitário é um ratinho. Uma mão humana surge durante grande parte do clipe e prepara comida humana, em tamanho também miniatura, de forma minuciosa e metódica para aquele pequeno ser. O ratinho se alimenta sem nada questionar e vive sua vida ali, preso a uma mesma rotina, a um falso estado de conforto, apenas comendo, assistindo televisão, sem nenhuma outra atividade fora daquele padrão.


Fiquei desapontada, inicialmente, com o primeiro clipe pela ausência da Katy. Mal sabia eu que estava por vir o clipe oficial bombástico. No dia 21 de fevereiro ele foi divulgado e, esse sim, abarcou toda a mensagem e fez meu coração pulsar. O segundo clipe foi literalmente uma superprodução, com um show de figurino e efeitos especiais. Altíssimo orçamento e investimento, que certamente valeu a pena.


O clipe se inicia com um parque de diversões de nome Oblivia e com um rato em sua logo, para realmente consolidar a analogia entre a nossa sociedade e o ratinho submisso do primeiro clipe. Seríamos nós o rato? Resposta: sim.


No parque de diversões observamos um público extremamente fútil, que externaliza as mesmas reações, seguem mesmos padrões de roupas e comportamentos. Em uma determinada cena vemos a placa “O sonho americano” e é mostrada uma clássica casa, confortável e padrão, onde um casal também clássico e padrão, entra com uma expressão vazia de felicidade. As alfinetadas psicológicas não param por aí. A seguir, Katy entra em uma montanha-russa que faz crítica ao sexismo. Em uma fileira com identificação rosa sentam-se as mulheres, ao passo que nas azuis sentam-se os homens, em uma espécie de competição entre os sexos. Logo após, enfileiradas, vemos pessoas andando e pendendo para os lados como se fossem realmente zumbis, com a falsa sensação de liberdade, mas “acorrentadas ao ritmo” como diz o título da música.


Em um dos trechos mais impactantes do vídeo, assistimos algumas pessoas sendo lançadas, literalmente catapultadas, por cima de cercas brancas, as mesmas nas quais estavam anteriormente presas, como dito no decorrer da letra da música. Nessa cena inclusive é possível traçar um total paralelo com o muro que o presidente americano, Donald Trump, pretende erguer, separando os Estados Unidos do México, colocando os americanos em uma espécie de “bolha”. Completando as reflexões sociopolíticas, um dos brinquedos do parque é um lança-bombas, que faz alusão sobre como a guerra é embelezada e vista de uma forma equivocada, e como muitas vezes armas são tratadas como entretenimento, que não levam em consideração o perigo e tragédias impostas por elas.


A cena seguinte traça novamente uma ligação direta com o primeiro clipe. As pessoas começam a caminhar dentro daquelas rodas de exercícios utilizadas por ratos, semelhante àquela que o rato assistia pela sua TV no primeiro clipe. Isso definitivamente mostra o quão presos nos encontramos ao sistema.


A seguir alguns dos trechos da música traduzidos que achei mais marcantes:

Estamos loucos?

Vivendo nossas vidas através de uma lente Presos em nossa cerca branca de madeira Como ornamentos Tão confortáveis, estamos vivendo em uma bolha, bolha Tão confortáveis, não conseguimos enxergar o problema, problema

Você não é solitário? Aí em cima na utopia Onde nada jamais será suficiente Alegremente entorpecido Sim, pensamos que somos livres Beba, essa é por minha conta Estamos todos acorrentados ao ritmo Ao ritmo, ao ritmo

Estamos surdos? Continuamos varrendo tudo pra debaixo do tapete Achei que podíamos fazer melhor que isso Espero que possamos Tão confortáveis, estamos vivendo em uma bolha, bolha Tão confortáveis, não conseguimos enxergar o problema, problema

Este é o meu desejo Romper as barreiras para conectar, inspirar Ei, aí em cima, no seu lugar alto, mentirosos O tempo está contado para o império A verdade que eles alimentam é fraca Como muitas outras vezes antes Eles são gananciosos sobre o povo Eles estão tropeçando e sendo descuidados E nós estamos prestes a nos revoltar Eles acordaram, eles acordaram os leões

É para ouvir, refletir e modificar nossos comportamentos.

Os clipes estão disponíveis a seguir.

Thalita Amaral

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