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"13 Reasons Why", polêmica necessária.


13 Reasons Why, que significa os 13 porquês, é uma série baseada em um livro de mesmo nome do autor Jay Asher, adaptada para a Netflix por Brian Yorkei. O que me levou a assistir a série definitivamente não foi o livro, afinal nem ao menos o conhecia. O que me levou a assisti-la foi o fato de ter sido, sem dúvida, um dos tópicos mais comentados das redes sociais nas últimas semanas.


Meu primeiro contato com 13 Reasons Why foi por meio de uma matéria sobre a cantora Selena Gomez, que participa da produção dessa série, e que continha sua breve sinopse. Poucos dias após o lançamento, a série já havia se tornado uma sensação e aqui pontuarei alguns motivos do seu sucesso.


A trama gira em torno do suicídio da adolescente Hannah Baker (Katherine Langford). Ela grava fitas cassetes nas quais conta as 13 razões pela qual teria se matado e tais fitas são distribuídas a cada um que, segundo ela, estaria diretamente envolvido nisso. Um dos adolescentes a receber é Clay Jensen (Dyllan Minnete), e é com ele que vamos descobrindo o que levou Hannah a decidir tirar sua própria vida.


Assim como Clay, eu ouvi as fitas lentamente (cada episódio representa um dos lados de uma fita e conta uma das razões do suicídio). Quando você inicia a história, faz suposições ligeiras e inusitadas. Lembro que me peguei pensando alto lá pelo quinto episódio: “Ah, ela nem tinha motivos pra se matar”. A trama vai tomando contornos inesperados, um turbilhão de acontecimentos surge, daí você enxerga as coisas de forma diferente e não mais menospreza a dor vivida pela personagem. Uma série pesada para se maratonar. Tive que pegar leve.


Em meio ao diagnóstico da vida de Hannah, temos contato com os outros personagens e supostos responsáveis por sua dor. Suas biografias representam o medo, a vaidade, a opressão, o machismo, o descaso e nos tocam, por vezes, tanto quanto a vida da protagonista. A partir do episódio nove, é difícil segurar o choro ao observar que em muitos lugares de nosso convívio, situações similares acontecem o tempo todo e poucos dão importância.


A série deve ser vista por pessoas de qualquer idade. Conta a história de adolescentes, mas é utilidade pública. Mostra o bullying e seus impactos na vida das pessoas em idade escolar. Eu como professora convivo com isso diretamente e me senti alertada sobre a situação, uma vez que vemos como a escola tem papel crucial nisso. Uma outra lição importante que a série passa a nós é sobre a relação entre pais e filhos. Se você pensa que a jovem tinha uma família conturbada, pelo contrário, você verá pais maravilhosos, participativos, talvez apenas pouco observadores, que cometeram erros que outros poderiam ter cometido da mesma forma. A série nos alerta sobre como os adolescentes omitem fatos e preferem resolver as coisas por conta própria, até que o efeito bola de neve acontece, e pode ser tarde demais. Outra lição muito especial é sobre como enxergar o outro. Nunca devemos subestimar o que o outro sente e devemos pensar que uma atitude que para nós parece banal pode afetar diretamente o próximo, de formas muitas vezes inimagináveis. Paro por aqui antes que brotem spoilers.


O elenco é excelente. No início fiquei furiosa com Clay e sua lentidão em escutar as fitas, seu pouco talento em andar de bicicleta e em entender sobre a vida amorosa. Mas assim são os adolescentes, nos fazem perder a paciência. Enfim, Dyllan Minnete dá conta do recado e nos emociona. A estreante Katherine Langford demonstra talento e segurança. Essa vai longe. Quero destacar, contudo, o desempenho da já conhecida Kate Walsh. Famosa por Grey’s Anatomy e Private Practice onde interpretou a Dra. Addison, aqui ela é a mãe de Hannah e simplesmente dá um show de interpretação. Pelo seu olhar sentimos o que é ser devastada pela perda de um filho. Ela transmite isso com total verdade. No episódio 13 ela protagoniza uma cena que é brutal emocionalmente.


Não acredito que a série glamourize o suicídio ou até mesmo o incentive. Acho que a série levanta temáticas importantes e que devem sim ser discutidas de forma incansável, já que não estão nem perto de serem sanadas. Minha dica, entretanto, é que os adolescentes assistam-na acompanhados dos responsáveis, dada a classificação indicativa restrita. Alguns países definiram como impróprio o conteúdo para menores de 18 anos, no Brasil há apenas a recomendação aos responsáveis.


Devido ao sucesso estrondoso da produção, uma segunda temporada está sendo idealizada. Teorias sobre os desdobramentos pipocam nas redes sociais. Temas não faltam, já que a série tem personagens riquíssimos, contudo a cativante personagem Hannah Baker estaria presente de alguma forma? Ficarei no aguardo para conferir.

Recomendadíssima! Nota: 9,5.

Thalita Amaral

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