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Sense8: crítica da segunda temporada.



Essa semana foi dedicada à segunda temporada de Sense8 e eis aqui minhas impressões. Se você ainda não assistiu a nova temporada, não leia, pois aqui comento detalhes de alguns episódios.

SPOILER ALERT



A segunda temporada começou, ao contrário da primeira, bastante movimentada, o que muito me agradou. Na nova temporada recebemos, enfim, as respostas para nossas principais dúvidas, dentre elas, a justificativa para a habilidade de nossos sensates. Eles não são como nós. Eles pertencem a uma diferente espécie denominada Homo sensorium. A explicação evolutiva, descrita nos primeiros episódios, considerou inclusive o desenvolvimento do maxilar ao longo da evolução e traçou uma relação direta com a oralização das espécies, o que foi interessante e plausível. Salva de palmas para a equipe de criação.


Vimos também que existem muito mais sensates do que prevíamos e temos contato com alguns outros clusters (grupos) ao longo da temporada. De modo geral, sua habilidade seria um risco para a supremacia de muitos países, já que segredos poderiam ser revelados, por isso são caçados. Até aí tudo bem. Um ponto, contudo, ainda não foi esclarecido por completo: o nascimento de um cluster. Se eles são geneticamente diferentes, por que dependeriam de uma “mãe” para terem sua habilidade aflorada? Esse é o caso de Angelica (Daril Hannah) para com os sensates.


A história de cada um dos oito sensates principais se desenrolou, umas de forma mais interessante do que outras. As cenas quentes, as quais fomos acostumados na primeira temporada, foram reduzidas drasticamente, o que causou a estranheza e insatisfação de muitos. Rolou até gif nas redes sociais pedindo “suruba”. Eu, particularmente, achei pertinente a redução, dado o contexto mais tenso da história.


Nomi (Jamie Clayton) protagonizou algumas das cenas mais marcantes de toda a temporada. Começando por seu discurso no ensaio de casamento de sua irmã, onde relata como sua irmã a ensinou o que era uma família. A segunda cena marcante foi durante a cerimônia de casamento, quando o pai de Nomi interpela um dos agentes que queriam dar voz de prisão a ela, e a chama pela primeira vez de filha. Nessa hora, não teve como conter as lágrimas. Por fim, o pedido de casamento mútuo de Amanita (Freema Agyeman) e Nomi foi lacrador e ultra fofo, já no final da temporada. Vale completar que para o núcleo dela, a adição do hacker amigo Bug (Michael X. Sommer) foi sensacional e garantiu um pouco de comédia à pesada trama.


O núcleo de Will (Brian J. Smith) e Riley (Tuppence Middleton), que foi o meu favorito na primeira temporada, nessa temporada foi bem chatinho. Foi uma temporada praticamente inteira de um Will depressivo, sob efeito de entorpecentes, tão chato, que no episódio da perda de seu pai, não teve nem como se comover muito. Riley ainda passa aquela sensação de que simpatizamos com ela pois tem o melhor ship da série, mas logo nos vem à mente: o que ela tem pra oferecer ao cluster? Convenhamos que o dom da música não é muito útil. Dessa forma, as irmãs Wachowski, responsáveis pela série, até tentaram colocá-la mais nas missões, mas sem muito sucesso.


Sun (Doona Bae), na minha opinião, tem a melhor trama da temporada. Dessa vez não é por conta apenas das cenas de luta. Doona dá um show de interpretação e consegue nos entregar emoção. Entrega várias cenas marcantes, entre elas, um diálogo com sua companheira de cela, que a ajuda na fuga. Uma cena que mostra uma Sun humana e ao mesmo tempo dura pela somatização de sua dor. A despedida de seu mestre também foi tocante. Enfim, Sun foi de longe um dos pilares do meio de temporada da série, que teve uma acentuada caída em seu ritmo.


Lito (Miguel Ángel Silvestre) teve como enredo da temporada seu desafio na carreira de ator, agora com sua sexualidade revelada para o público. Ele garantiu pra nós o pontapé inicial da série com sua resposta PERFEITA ao ser questionado sobre sua sexualidade, por uma repórter quando chegava em uma premiação. Essa pra mim foi a cena do personagem, mais impressionante até do que seu discurso na parada gay em São Paulo. Por sinal, muito bom ver nosso país representado em uma série de renome e com uma importante mensagem a se passar.


Capheus (Toby Onwumere) possui o personagem com a maior capacidade de sensibilização. Ele não é apenas um motorista, ele tem o dom de tocar com suas palavras e literalmente de unir e apaziguar. E é isso que ele faz na série, mostra que não precisamos de políticos, precisamos de líderes, uma lição que se enquadra perfeitamente a atual realidade brasileira.


O romance de Kala (Tina Desai) e Wolfgang (Max Riemelt) nos reservou a cena mais “caliente” da série. Os dois são o casal mais interessante da temporada, apesar das imensas diferenças que os separam. A história isolada de Kala chega a ser chata, por sua vez a de Wolfgang traz informações úteis ao contexto principal da série, se tornando mais interessante.


Os dois últimos episódios reerguem a temporada finalizando com a tão esperada reunião de todos os sensates. A ansiedade pela terceira temporada, e talvez última, segundo os boatos do meio, se torna imensa. Sim, a temporada tem seus altos e baixos, mas o objetivo de espalhar uma mensagem de apoio à diversidade e à liberdade é atingido novamente.


Nota: 8,5.

Thalita Amaral

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